Thursday, May 31, 2007

Yo Tengo , pero no mucho.

Se eu tivesse Sete Anos hoje, teria uma amigo imaginário.
O nome dele seria Wanderlei.
Ele teria 10 anos, ex-morador de uma favela, e aos 6 já fumava maconha.
Wanderlei iria aparecer de 15 em 15 dias, apenas para pedir dinheiro pra comprar uns cigarros.
Um cachaça, talvez.
Isso no semáforo, é claro.
Fazendo malabarismo.
Wanderlei teria uma mãe que era mulher da vida.
Seu pai, morto em um assalto a mão armada por um segurança despreparado e desequilibrado emocionalmente.
Na verdade, ele nem ao menos era pra ter nascido.
Com 10 anos, ele já teria um bigode.
E roubava carros.
Costumava me chamar de viadinho, pero no mucho.
Wanderlei seria um amigo daqueles que quando a gente precisa, ele aparece.
Sempre.
Pra intimar quem me encomodasse: "Pô mano, não mexe com ele senão chamo meus brow e ai tu pá."
Claro, ninguém poderia ver o Wanderlei além de mim, e isso quase nunca funcionava.
E era esse o principal motivo de Wanderlei falar coisas assim.
Ele meteria medo nos outros pois sabia que ninguém poderia vê-lo.
E isso faria com que ele se sentisse o máximo!
Sempre carregava sua arma na cintura, e toda hora ficava mostrando.
E eu falaria: "Cara, guarda isso"
E ele: "Pô mano, fica frio, tá tudo na paz."
Claro que não, a qualquer hora ele puxava o gatilho e estourava os miolos de quem o incomodasse.
Ou que atravessasse seu caminho.
Ou por cima dele, o que era mais fácil.
Juntava a pistola e se atirava pro lado em direção ao chão dando 5 tiros. tipo cena de filme.
Isso me assustava frequentemente, já que a cada 5 minutos a cena se repetia.
Wanderlei, no fundo, seria um menino bom.
Gostaria de doces, apesar de nunca conseguir comer.
Na verdade, ele não saberia que eu saberia que ele não podia comer.
Ele sempre se esconderia e iria pra um canto.
Tocava fora e dizia "Estava ducara***".
Coitado.
Eu sabia de tudo.
Na verdade, eu sempre sabia que Wanderlei era fruto da minha imaginação, levemente influenciada pela realidade brasileira.
Pela TV que hoje em dia passa menos coisas bonitas e alegres tipo Teletubies.(sarcasmo)
Na verdade, quando eu era mais novo tinha a TV Colosso, e isso sim era algo que me animava.
Tudo era tão diferente, e agora...
E olha que isso faz 11 anos.
Tudo muda em menos tempo.
A realidade as vezes é sempre outra.
Quando eu tinha sete anos, se teria tido amigo imaginário, ele seria muito mais fofinho, só que com uma arma muito mais poderosa.
Tipo power ranger. Não, eles eram muito chatinhos.
Legal mesmo era Jiraya. Jaspion. ChangeMan. Winspector. Kamen Rider.
E até a Patrine era mais macho que muitos heróis de hoje em dia.
Na verdade, minha imaginação se expandiu graças a essas coisas...
Aos desenhos, Corrida Maluca, Space Ghost, Capitão Planeta.
E hoje em dia, as crianças já tem pouca imaginação.
Poucos preservam isso.
Claro, não deve ser generalizado.
Queria que as crianças voltassem a ser mais imaginativas.
Mais criativas.
E não que optassem por coisas prontas, e brinquedos super modernos.
Apesar de no mucho. Yo tengo.

Thursday, May 24, 2007

Timeteu

Pode parecer babaquice a primeira vista, olhando de um ponto pseudo-intelectual, torcer por um time de futebol.
Isso de dizer que não gosta de futebol é coisa de bundão.
Quem não tem um time do coração deve ser uma pessoa amargurada, infeliz ou simplesmente má.
Pode ser babaquice torcer por um time que não paga teu salário, que não vai influenciar em nada na tua vida,
mas ninguém pode nos tirar o direito de sermos babacas!
Vai de cada um esse amor que temos por coisas que não mudam nada na nossa vida.
Cada um sabe do que gosta, e do amor que dá pra cada coisinha tosca que completa sua vida.
Pessoa que não gosta de futebol nunca vai poder chegar ao trabalho e tirar sarro daquele colega ao lado que torce pro time rival.
Nunca.
Nem ao menos vai poder aturar aquele mesmo colega quando o time dele está bem.
Ser mais chato que o cara mais chato, que torce pro outro time e todo dia te enche o saco.
Nunca vai usar a criatividade pra tentar falar mal daquele time, mesmo quando ele está bem.
Além disso, vai ficar de fora daqueles e-mails legais que as pessoas mandam umas pras outras.
Ou seja, acaba se tornando uma pessoa má, obstinada a passar o resto da vida enviando "correntes" (aqueles e-mails chatos, que se tu não manda alguém morre.)
para os outros e esperando resposta.
Quem não gosta de futebol, não vive a vida por completa.
Não pode encher o saco do vizinho, nem sair por aí gritando.
Não faz amigos pelo simples fato de fazer um comentário idiota durante um jogo.
Não pode achar o Galvão Bueno um pé no saco e os comentaristas da Globo mais perdidos que fio dental em bunda de gorda.
Não tem aquele sentimento de satisfação ao chamar o juiz de qualquer coisa que possa fazer as pessoas dar risada.
Simplesmente se remetem a assuntos chatos, do cotidiano ou da sua inteligência malevolosicamente banal
a tal ponto de ninguém entender do que tão falando e virar pro lado e perguntar: "quem tá ganhando?"
Pessoas que não gostam de futebol não tem do que falar com pessoas que gostam de futebol.
Só tem a novela pra tentar se enturmar.
Estão por fora de tudo e simplesmente não dão valor pra vida.
Pode parecer tosco "homens correndo atrás de uma bola", como eu acho tosca a novela que eles tanto olham.
Ou como acho tosco algumas músicas que eles escutam.
Mas vai de cada analisar o que é tosco pra si e deixar cada um ser babaca do jeito que bem entender.
Então o Brasil, que é pra ser o país do futebol, é tosco também?
Todas as pessoas do Brasil são toscas por gostarem de futebol??
Ou a pessoa que diz isso só é amargurada e tem dificuldade de se relacionar???
Ou é por que a pessoa é simplesmente má, tem ódio em seu coração, é triste, feia, mesquinha, tem pedra na vesícula e boba????
Não dá pra entender.
Futebol é uma coisa singular...
Nem sei mais o que escrever.
Aliás, quetimeéteu?

Tuesday, May 15, 2007

Fura-bolo

O fura-bolo mostra sua extensão diante da minha via respiratória
( meio trancada, fazendo as pronuncias sairem ridiculamente engraçadas, devido a mucose criada lá dentro por intermédio de chuva & frio conquistadas a partir de uma longa jornada de volta para o lardocelar, após um cachorro quente na namorada)
-Quem tu pensa que é?
Eu não penso que sou, nem penso no que sou. Muito menos quem sou. Nem penso em quem não sou ou no que eu queria ser se não estivesse passando horas diárias me esforçando drasticamente -mas sem sucesso- para tentar, lá no fundo que seja, ser eu.
Não penso no que fui, nem ao menos quem vou ser.
Daqui a uma hora talvez, eu tenha fome.
-Por que tu faz essas coisas?
Eu faço essas coisas pela simples e complexa sensibilidade do instinto: sei lá!Talvez eu seja realmente a pior pessoa do mundo,
quando estou só posso ser capaz de me superar.
Talvez cause mais problemas do que eu tente causar,
mas nem sempre sou o sempre-sem-querer.
As vezes desculpa é só o que me resta.
Ou pelo simples fato da preguiça que me rege não deixar eu tentar explicar e explicar.
Quem entende um olhar?
Quem consegue passar a vida sem descarregar o minguinho gelado no buraquinho entupido do nariz e ver a singeleza de um tatu escorregando pelo abismo?
Só pelo prazer de vê-lo ali...
Ou quem nunca quis usar o pai-de-todos ao menos uma vez, para assim poupar não-sei-quantos músculos da face do rosto?
E o seu-vizinho é o mais inútil da história.

Quem tem o poder de me estender o fura-bolo na cara e dizer que sou um merda?Ou ao menos contar uma novidade?