O fura-bolo mostra sua extensão diante da minha via respiratória
( meio trancada, fazendo as pronuncias sairem ridiculamente engraçadas, devido a mucose criada lá dentro por intermédio de chuva & frio conquistadas a partir de uma longa jornada de volta para o lardocelar, após um cachorro quente na namorada)
-Quem tu pensa que é?
Eu não penso que sou, nem penso no que sou. Muito menos quem sou. Nem penso em quem não sou ou no que eu queria ser se não estivesse passando horas diárias me esforçando drasticamente -mas sem sucesso- para tentar, lá no fundo que seja, ser eu.
Não penso no que fui, nem ao menos quem vou ser.
Daqui a uma hora talvez, eu tenha fome.
-Por que tu faz essas coisas?
Eu faço essas coisas pela simples e complexa sensibilidade do instinto: sei lá!Talvez eu seja realmente a pior pessoa do mundo,
quando estou só posso ser capaz de me superar.
Talvez cause mais problemas do que eu tente causar,
mas nem sempre sou o sempre-sem-querer.
As vezes desculpa é só o que me resta.
Ou pelo simples fato da preguiça que me rege não deixar eu tentar explicar e explicar.
Quem entende um olhar?
Quem consegue passar a vida sem descarregar o minguinho gelado no buraquinho entupido do nariz e ver a singeleza de um tatu escorregando pelo abismo?
Só pelo prazer de vê-lo ali...
Ou quem nunca quis usar o pai-de-todos ao menos uma vez, para assim poupar não-sei-quantos músculos da face do rosto?
E o seu-vizinho é o mais inútil da história.
Quem tem o poder de me estender o fura-bolo na cara e dizer que sou um merda?Ou ao menos contar uma novidade?
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