Monday, October 06, 2008

Inconveniente

Tão inconveniente quanto uma bergamota descascada
No meio da tarde, no trabalho.
Numa sala fechada.
Tão inconveniente quanto um peido trancado,
No elevador lotado
Sem ter pra onde fugir
Tão inconveniente quanto pensar que era só um peido
E ele te trair,
No meio da tarde,
No trabalho,
Numa sala fechada
No elevador lotado
Sem ter pra onde fugir.

Seja o Kevin!

-Mãe, eu quero ser uma Spice Girl.
-Mas como? Tá maluco?
-Não, mãe. Eu quero ser uma Spice Girl, só.
-Tu não pode!
-Oras, e por que não?
-Por que tu é um menino, oras!
-Mas e daí?
-E daí? Não me esculhambe assim.
-Mas mãe...
-Não filho, se quer fazer parte de uma boy band, seja o Kevin.
-Ué, por que ele?
-Todos gostavam do Kevin. O mais bonito, o mais talentoso. Mesmo que não fosse,
Todo mundo preferia o Kevin. Seja o Kevin filho.
-Mas mãe, eu tô cansado disso, todo mundo na escola ri de mim.
Dizem que eu me visto estranho. Essas roupas de guri, eu acho que sou menina.
-Tá maluco? Que besteira!
-Mãe, eu não tenho um tico.
-Hã... É mesmo?
-Não. Todo mundo ri de mim.
-Mas tu tem certeza que não tem?
-Tenho, digo, não tenho. Hã, quer dizer...Bom, sempre gostei mais de coisas de meninas,
E tu sempre me tratou como menino. E agora?
-Bom, meu, digo, minha filha...
O que tenho a te dizer é...
Ah, seja o Kevin, por favor!

Escritor do Amor

Ele era um jovem escritor,
De bilhetes de amor.
Nunca os entregava, porém.
Amava sem dizer, e escrevia pra desabafar.
Mas tinha medo de falar.
Era apaixonado por uma garota,
O namorado dela era um machão da escola.
Andava com seus amigos e batia em quem cruzasse seu caminho.
Típico machão de escola.
Como ele poderia ficar com a garota algum dia?
Pois bem,
Um dia esse tal machão chegou no nosso amigo escritor,
Magricelo, esquisito, ficou com medo.
O machão olhou feio e disse:
-Tu escreve né?
-Hã...Sim." Respondeu tremendo.
-Bom, preciso que tu me faça um favor. Sabe minha namorada?
-Acho que sei.
-Preciso que tu escreva uma carta de amor pra ela, no meu nome. Sabe, não sou bom com as palavras.
-Ah, claro. Tudo bem.
-Mas que fique boa hein! Quero impressionar ela.
-Ok, farei o melhor possível.

E saiu.

Uma tarefa muito fácil e simples.
Ele amava a garota, não podia ser melhor!
Embora ela nunca saberia que teria sido ele, mas enfim, o que importava?

Escreveu e entregou ao machão.

No outro dia, o tal cara veio lhe agradecer.
Havia dado certo,
Ela estava feliz,
Ele impressionou ela.

Passado uma semana, novamente o machão veio lhe pedir uma carta de amor.
E novamente o escritor escreveu.
E isso foi se repetindo toda semana.
O escritor cada vez mais apaixonado, e a garota também, pelo machão.

Mas, sempre existe um mas.
O machão começou a gostar do que estava escrito.
Cada vez mais apaixonado também.
E por ironia do destino,
Se viu encantado com as palavras do escritor.
Não entregava mais os bilhetes pra namorada.
Guardava-os pra si, feliz.

Tinha medo de contar ao escritor sua paixão.
E acabou tornando-se um leitor do amor.

O escritor achava que a garota estava recebendo suas palavras,
O machão começou a tentar acreditar que as palavras eram pra ele.
E a garota só esperava palavras,
Que nunca mais receberia,
De nenhuma das partes.

Todo machão de escola tem algo a esconder,
Um pijama de bolinhas,
Um docinho da mamãe na lancheira.
Um apelidinho carinhoso em casa.

E o nosso querido escritor do amor chegou onde queria chegar,
Palavras certeiras para um coração apaixonado.

Thursday, August 28, 2008

Saia da minha vida, agora, por favor.

Vou te ignorar
Não quero mais te ver
E nada vai fazer mudar
A decisão que eu tomei
Será difícil,
Eu bem sei
Mas vou até o final
Ao menos dessa vez
Ou até quanto eu aguentar
E isso é pro meu bem
Não existirá mais nada
Entre eu e você
Nem carinho
Vai ficar
Só um pouquinho
Desejo de voltar
Mas vou esquecendo
Tentando não lembrar
Agora,
Por favor,
Saia da minha vida
Pastel de Presunto e Queijo

Amor Quentinho

Padaria cheia,
O atendente se dirige a tal moça na fila:
-"Moça, pra você?"
-"Trezentos gramas de presunto magro, por favor."
-"Aqui, duzentas e setenta e cinco, tá bom?"
-"Não, quero trezentos."
-"Tá, aqui, trezentas e três. Pode ser?"
-"Olha moço..."
Aí o cara cortou um pedacinho da fatia,
Pronto.
-"Algo mais?"
-"Sim, duzentos e cinqüenta gramas de queijo."
-"Hã... Isso. Duzentas e quarenta e sete, tá bom?"
-"Não. E aliás, se diz duzentos, no masculino. Grama é de peso, o grama."
-"Aqui, duzentas e cinquenta de queijo, algo mais?"
-"Olha senhor..."
-"Algo mais?"
-"Cinco pães."
-"Os pão acabou."
-"Como assim acabou? Aqui é uma padaria! Trate de trazer mais pães."
-"Tudo bem, mas a senhora vai ter que aguardar."
Quinze minutos depois:
-"Feito, quatro pão pra senhora"
-"Eu pedi cinco."
-"Desculpe, estão aqui. Cinco pão."
-"Se diz pães! Tá no plural!"
-"Olha, a senhora quer mais alguma coisa?"
A moça que estava nervosa, parou por um minuto.
-"Moça, tem fila atrás da senhora, a senhora quer algo mais?"
Ela parou,
Pensou,
E por um minuto esqueceu-se de que estava numa padaria,
E que havia uma fila.
E não ouviu que estavam gritando várias coisas para ela.
-"Sim." Disse a moça.
-"Sim o quê?"
-"Sim, eu quero algo mais."
-"E o que a moça quer?"
De repente ela encheu o peito e disse:
-"Eu quero um amor. É eu quero um amor!
Quero um amor desses que vejo em filmes!
Quero um amor com nomes em árvores!
Onde tudo é perfeito!
Quero ser feliz com esse amor e ele me fará feliz.
É isso, eu quero um amor."
-"Acabou". Disse o padeiro.
-"Oi? Hein? Como assim?"
-"Acabou, a outra moça lá acabou de sair com o último amor que tinhamos."
-"E onde ela está?"
-"Ja deve estar lá fora".
A moça saiu correndo em direção a rua,
Esqueceu-se das coisas que havia comprado,
Apenas pensou em seu amor.
A moça que havia comprado o tal do amor, estava mesmo entrando no carro quando ouviu a voz:
-"Eu quero o amor!"
-"Ele é meu!" Respondeu.
-"Eu preciso! Por favor! Eu só quero um pouco desse amor.
Um pedaço.
Um sorriso.
-"Olha, eu comprei primeiro. Preciso colocar no bolo que estou fazendo."
-"Não você não pode, você tem que me dar o amor!"
-"Me deixe ir embora, solta minha perna!"
-"Por favor, só um pouco!
-"Se a senhora soltar meu corpo eu posso tentar lhe responder."
-"Ora, me desculpe. Diga, tu me darás o amor?"
-"Não. Adeus"
E acelerou o carro.

A moça ficou a beira da calçada chorando.
Talvez havia perdido a última esperança.
Mal sabia ela
Que lá dentro, na padaria
O padeiro preparava mais uma fornada de amor quentinho
Para os corações gelados.

A Lâmpada

Encostei o dedo no interruptor,
E por um motivo estranho, senti que a lâmpada iria queimar.
Eu não aguentava mais, toda semana trocar a lâmpada,
Senti que precisava fazer algo por isso.
E tomei uma atitude.
Peguei a escada, subi até a lâmpada e disse:
-Você iria queimar, não é?
-Sim, iria. Respondeu a lâmpada.
-Tá, mas por que?
-Por que sim, oras.
-Não faça birra, me diga qual teu problema. Por que tu irias queimar?
-Não quero mais viver.
-Mas hein? E posso saber o motivo?
-Sim, você.
-O que eu fiz?
-Você não me dá o devido valor, gostaria de me sentir útil.
-Mas tu és útil para mim!
-Não sou não. Quando você sai, me liga, por medo de chegar no escuro.
Quando volta, desliga e olha TV, ou vai dormir.
Nunca estou contigo.
-Mas o que eu vou fazer hein? Eu pago para ter sua energia, não é o suficiente?
-Não venha jogando essas coisas na minha cara!
-Tá, me desculpe, me exaltei.
-Ora, garanto que se eu fosse uma lâmpada mágica, tu ia ficar sempre comigo, me esfregando.
-Bom, posso te esfregar se tu quiseres...
-Não encoste a mão em mim seu abusado!
-Tudo bem, só sugeri...
-Não quero saber, vou queimar.
-Não, calma. Me diga, qual teu problema... Deve ter alguma outra coisa que te deixa assim.
-Bom, na verdade tem.
-É? O que?
-Eu queria ser uma florescente.
-Ah, e por que?
-Ora porque sim. Veja, em todos os lugares que elas estão, todo mundo está precisando de sua luz.
Mercados, escolas... Sempre tem gente embaixo dela precisando, necessitando da sua luz.
Eu queria ser assim também.
Queria que você precisasse assim de mim. Que eu fosse útil assim.
-Olha, se eu quisesse outra coisa que não fosse você, teria comprado uma florescente.
-Viu! Tua segunda opção é uma florescente!
-Não, eu não quis dizer isso. Quero dizer que, bom, optei por ti por que é mais em conta...
-Tu estás me chamando de barata?!
-Não lâmpada.
-Não tenho mais nada pra conversar contigo. E eu que quis dar minha luz pra te fazer feliz.
-Não fale isso, eu...
Eu sei que errei, sabe.
-O problema não é você, sou eu.
Me preocupei demais tentando ser o que eu não podia, e me esqueci de ser eu mesma.
Me desculpe.
-Não, sou eu quem lhe peço desculpas.
-Tudo bem, eu te desculpo.

Quando voltei para ascender a lâmpada, ela queimou.
Aí que eu vi que havia cometido um erro:
Estava na hora de parar de tomar chá de camomila.

Saturday, June 21, 2008

Escreva

Só escrevo coisas que eu escrevo,
Não por não querer divulgar o trabalho de outros,
Mas sim por que eu mesmo gosto de escrever,
O que eu mesmo escrevo.
E só eu vou sentir o que estará escrito,
Nas pequenas palavras que vivi.

Textos Grandes, Pequenos.

Textos grandes.
Esse é o medo de muitos,
Textos enormes são pra quem não sabe separar capítulos,
Ou histórias.
Ou pra quem é muito enrolador mesmo.
Uma das grandes diferenças entre o livro e o blog é essa,
No blog, por exemplo, um camarada chega no msn e diz:
"Bah tchê, postei um texto novo, muito tri, dá uma passada lá."
E tu vai na parceria, é claro.
Chega lá, aquela tela inteira de letras sacanas,
Pô, dá uma preguiça desgraçada ler.
E tu pensa "ele é meu camarada, vou dar uma chance."
E o texto até pode ser legal, e muitas vezes é,
Mas se torna cansativo.
Dói os olhos.
E tu tentando te concentrar (por que esse tipo de escrita exige muita concentração,
pois se tu bobear no meio do caminho, chega no final e não entende,
corre o risco de ter que ler tudo novamente. Ou seja, uma hipótese não cogitada.)
e o msn "bombando".
"Dá uma passada no meu fotolog", "Comenta lá!".
E tu tenta agradar todo mundo,
Mas muitas vezes não dá,
Não tem como.
Não há como ser legal com todo mundo.
Já no livro, não tem como o cara fugir,
E a gente se sente mais a vontade,
Não tem muita pressão.
A arte de saber envolver a pessoa em um texto é para poucos.
Portanto, cogite antes de escrever ou ler algum.
Vale a pena?
Bom, isso depende.
Tu mesmo sabe.
Geralmente quando eu entro em algum blog
Primeiro leio os textos curtos,
Pra depois,
Aí sim,
Ter noção se vale a pena
Trocar o orkut por algo que realmente me prenda.

Tuesday, June 17, 2008

dequejeito

-ô mãe, cadê minha camiseta dos ramones?
-tá pra lavar!
-putz, preciso dela pra ir pra escola! e agora?
-tô brincando. tá lavada já, tá ali...
-ah, que susto. sabe que sem ela...
-sim, eu sei. sem ela tu não fica "cool" e bláblá... tudo bem.
-ah, obrigado mãe. sabes que é importante entrar na turma dos roqueiros.
-bom, filho, se tu fica feliz, eu também fico. só cuida com essas amizades.
-ah, pode deixar, a galera lá é toda do bem.
-certo.
-ah, mãe, e aquela minha calça? conseguiu deixar rasgada no joelho?
-até consegui, apesar de não saber direito por que tem que se andar assim.
-ah... é aquilo.
-mas tu não é assim filho, por que tenta ficar se escondendo atrás dessas roupas?
-tu não entende mãe. já está velha, e ainda por cima tem 80 anos.
-mas e dai? acha que eu estou velha é? nunca se é velho o suficiente...
-...tá entendi. eu tô atrasado...
-pegou tua maçã?
-não. é... hum. na verdade meus amigos lá acham que é coisa de maricas.
-mas filho, tu adora maçã de manhã cedinho...
-eu sei mãe, mas lá não dá. bom, esquece isso.
-tudo bem, mas ajeita esse cabelo.
-não não. é assim que se usa.
-cada coisa de louco hein.
-não mãe, isso é atitude punk. mas tu nunca ouviu falar...
-claro que sim! mas eles eram bem mais machos que tu.
-ah, não me envergonhe assim.
-tudo bem, me desculpa.
-tá, me dá um abraço.
-tudo bem agora?
-sim, claro. bom, tenho que ir.
-ir pra onde?
-ora, pra escola...
-escola?
-é... estudar... mas o que te deu mãe?
-mãe?
-é. vai dizer que tu não é a minha mãe?
-não. meu nome é Henrique.
-Henrique?
Mas o que tu tá fazendo na minha casa então?
-casa? aqui não é tua casa,
-não?
-Não, aqui é uma sorveteria.
-Ah! E tem de creme?









*levemente plagiado do blog do moskito (www.dequejeito.com.br)
vale a pena conferir.

Friday, June 13, 2008

Mas Poderíamos Não Ser

-Posso te perguntar uma coisa?
-Claro...
-Tu não vai se irritar?
-Claro que não, pergunte.
-É que tu sempre se irrita...
-Mas eu não vou, pergunte.
-Olha, teu humor já mudou.
-Tá, pergunte. Vamos.
-Viu, tu já começa a se irritar...
-Eu não to irritado...
-Olha só, tá sim.
-Mas claro! Tu não pergunta!
-Ah! Viu!
-Caramba!
-Tá meu, te acalma!
-Tô calmo.
-Mesmo?
-Sim, não tá vendo?
-Tá, aparentemente. Mas ainda acho que tu ta irritado.
-PQP, para de falar isso, daqui a pouco vou me irritar mesmo!
-Não fale palavrões!
-AAAAAAh, pára! Desisto!
-Meu, tu é muito irritado!
-Sou, e dai? Tu que me deixa assim!
-Ah, viu! Eu tinha razão!
-Parabéns, conseguiu.
-Nós deveríamos ser diferentes um pouco.
-É, talvez. Mas poderíamos não ser nós.

Tuesday, May 27, 2008

A Primeira Vista

Eu acredito em amor a primeira vista.
Quem nunca amou ou se apaixonou assim que atire a primeira pedra!
Faz algum tempo já,
Eu estava andando pela rua e meio que sem querer
Eu a vi.
Meu coração parou.
Suei.
Fedi.
Cheirei.
Passei um desodorante para criar coragem e ir até lá.
Mas, havia um porém.
Travei.
Não conseguia me mexer,
Fiquei algum tempo parado admirando-a,
Sem conseguir dizer ao menos uma palavra.
Em meu inconsciente tudo fluía normalmente:
Lá eu era o cara mais corajoso do mundo,
Desejava possuí-la,
Imaginei um futuro perfeito para nós dois.
Ela em meus braços e eu cantando canções bonitas.
Seria perfeito.
Seria.
Pois quando criei coragem para ir até lá,
Descobri o que eu já sabia.
Ela só poderia ser um amor platônico.
Intocável,
Longe do meu alcance.
Talvez isso é a coisa que move um apaixonado,
A realidade de não poder ter quem se quer.
Um escritor sem um amor platônico se torna inimigo das palavras,
Então, sabia que aquilo iria me fazer bem.
De certe forma.
Ter ou não ter?
Era lógico que eu não a teria.
Era impossível,
Impossível.
E não me venha com frases daqueles livros de auto-ajuda ambulantes.
Eu sabia que no fundo,
Nunca poderia tê-la.
E isso era o óbvio.
Talvez um dia...
Mas até lá com certeza ela não estará mais esperando por mim.
E isso é a coisa triste e frustrante do negócio.
Saber que fui derrotado sem poder lutar.
Aquela guitarra Fender Jaguar de 7 mil machucou meu coração.

Thursday, May 22, 2008

Angústia #1

Quando olhei no poço
Eu te vi lá no fundo
Eu te vi lá no fundo
Sorrindo pra mim
Joguei minha moeda da sorte
Para o caso de tu saíres
E me encontrar
Minha imagem tu eras
Como ao contrário pudesse ser
Tu me vias lá de cima
E colhias minha sorte
Paro o caso d’eu entrar
E me perder
Sem conseguir sair de lá
E tu apenas sorrias

Eu era Roquenrou

Eu era all star sujo
Camisa de flanela
Depressão
Mas falhei: não usava drogas

Eu era terninho
Yeah Yeah Yeah
1-2-3-4
Mas errei no corte de cabelo

Eu era camiseta Preta
Banda estampada
Jeans rasgado
Mas me atrapalhei: não toquei Raul.

Eu era ronquenrou
Shubiduaua
Tchubirua
Mas acertei em largar tudo,
E tentar ser eu mesmo.

O Maníaco dos Anos 60

Como que por um acaso do destino,
Um jovem cidadão comum descobriu os Beatles.
E segundo ele, aquilo mudou sua vida.
Digamos assim, de verdade.
Ele fez uma opção,
Ficaria pra sempre preso entre 1963-1965
Pois só teve dinheiro para comprar os álbuns dessa época.
Decidiu usar o terninho todos os dias
Cortou o cabelo tipo "Arthur"
E pensou que ninguém entenderia a frase acima.
Ele viveu feliz pra sempre,
Preferiu não evoluir,
Não conhecer nada do futuro.
As coisas novas que surgiram
Nada ele quis
Só queria viver aquele tempo
Aproveitar a sua essência.
Com apenas aqueles discos.
O que me deixa triste por essa linda história,
Não é o fato de ele ser mais uma pessoa que parou no tempo
E não vê a graça de evoluir.
Mas sim o fato de que o Revolver saiu um ano depois.
E ele nunca mais o conheceria.

Friday, May 02, 2008

O Maricas

Eu estava sentado na lanchonete cujo nome não posso falar, pois não me deram dinheiro pra isso.
Bem tranquilo, comendo um McDonnald's e tomando um refri.
Como um dia qualquer, estava normal.
Eis que do nada surgiu um vulto estranho, as pessoas se espiaram com medo.
Ele abriu o casaco e gritou:
-"Tenho uma bomba aqui, vou detonar se não fizerem o que eu mandar."
O tal homem-bomba olha pra mulher do caixa e pede:
-"Me dá um nº1 sem pickles e sem alface. Agora. Ou mato todo mundo!"
Ela retrucou, apavorada:
-"Qual o refri senhor?"
-"Pespi, diet."
Ele olhou para as pessoas e gritou:
-"E vocês, tão olhando o que? Todo mundo pro chão agora, ou explodo isso tudo."
Todos imediatamente se jogaram no chão, alguns chorando, outros tremendo.
Eu fiquei sentado. Continuei comendo.
Quando ele me viu, veio gritando:
-"Tu não me ouviu, hein? Vou explodir isso tudo!"
E eu:
-"Então explode se tu é bem macho."
Todos se apavoraram. Choraram, tremeram.
E o cara se indignou:
-"O que? Tu tá querendo bancar o engraçadinho! Vou explodir, to avisando!"
E seguiu se o diálogo:
-"Então explode essa merda, quero ver."
-"Tu quer ver é? Vou explodir mesmo."
-"Sim, tu já disse. Tô esperando."
-"É só eu puxar isso e..."
-"Grandes bosta, tu só fala. Tô me irritando já."
-"Tu se acha grande coisa né! Quero ver quando tu estiver todo estripado, explodido."
-"Tu é tri maricas."
-"Não sou não."
-"É sim. E daqui essa porcaria que eu vou explodir essa merda."
-"Não dou! Sai pra lá!"
-"Vem aqui maricas. Vamos explodir isso! Tu vem junto canalha!"
-"Não... Não!"
E ele saiu correndo.

Todos estavam chorando e tremendo, mas nesse momento, me olharam e sorriram, tremeram de alegria.
Gritaram pra mim, agradecendo por ter salvado suas vidas.
Ao menos eu achei que era por isso.
Mas não fiz nada demais.
Sou calmo até certo ponto.
O que me irritou não foi o fato dele ter nos ameaçado, ou coisa assim.
O que me irritou foi ele ter pedido pepsi "diet".
Isso tira qualquer um do eixo.
Se não fosse por isso, eu não tinha falado nada.
Pô, o cara vem com uma bomba amarrada na cintura e quer se preocupar com calorias.
Pra que perder tempo se preocupando se a vida é tão breve?

Saturday, March 15, 2008

Do Fundo do Meu Rim Esquerdo.

Eu poderia te dizer várias coisas
Coisas que eu sinto e guardo
Coisas que guardo e não mostro
Coisas que talvez tu não entenderia.

Eu poderia também te deixar confusa
Confundir as tuas certezas
Te mostrar algo que penso
E certamente tu não entenderia.

Eu até poderia te doar um rim
Mas meus rins têm problemas
Como tudo em mim, por talvez não te ouvir.
Ou até, te ouvir demais.

Eu não seria completo sem ele,
Mas seriamos um par, juntos.
Uma família denovo,
E tu terias,
Algo de mim em ti.

Não Use Exclamação!

Não me xingue!
Não brigue comigo
Não fique procurando coisas onde nada há.

NÃO USE CAPS LOCK
Não termine com reticências,
Deixando coisas no ar...

Não use exclamação!
Nem ponto final.
E nunca, jamais, por um minuto sequer
Me esqueça

Saturday, March 01, 2008

O Guarda-Chuva

Conheci um cara que sempre andava com um guarda-chuva,
Conforme o dia se estendia e as coisas se apertavam,
ele abria o guarda-chuva e começava a rezar.
Se fosse chuva, armado estava.
Se fosse Sol, protegido estava.
Em caso de um luta, por algum motivo besta, ou implicância com outra pessoa,
Abria o guarda-chuva e se escondia, embora não fosse difícl achá-lo.
Havia um porém,
O sonho dele era voar.
Abria o guarda-chuva e se atirava da cadeira,
E se quebrava no chão.
Sonhava noites e noites afio, sobre labutas fluturísticas.
Leu num livro que se errasse o chão, conseguiria.
Se jogou de 3º andar do prédio que morava,
Pensou na mulher que um dia dividiu o guarda-chuva
Nas brigas equivocadas e não levadas a sério por sua parte.
Em como a terra é bonita vista de cima,
Embora o Google Earth desse a ele uma visão meio desfocada
Em seus olhos haviam lágrimas
Que também desfocaram o chão.
Pensou também que talvez tivesse cometido um erro ao se jogar
E que talvez isso não fizesse sentido agora
E tudo iria acabar.
Abriu o guarda-chuva e rezou.

Monday, February 18, 2008

Canção Antiga

Lembrei de uma canção antiga
Que me fazia sonhar
Com aquela linda menina
Alegria de repente era minha vida
Todo estampado em meu rosto
Mundo bonito ficou
Pode ser que nem me lembre a letra
Se a melodia permanecer e eu
Esquecer do que dizia a canção
Que seja suave o assovio
É da brisa a lembrança de ser
Triste se eu quiser

O Dono da Cidade

Era madrugada, eu não tinha nada de útil pra fazer.
Resolvi entrar num desses chats. Só pra ver qual é que é a deles.

Logo, uma luz piscou:

Anônimo: Quer tc?

Bom, era uma pergunta um tanto quanto comovente, respondi meio confuso:

Eu: Como assim?
Anônimo: Você, quer tc?

E seguiu-se:

Eu: Minha cidade?
Anônimo: É.
Eu: Três Coroas!
Anônimo: Isso.
Eu: Tá, é sério?
Anônimo: O que?
Eu: Isso aí.
Anônimo: Não vejo motivos pelos quais não ser.
Eu: Bom, não sei se devo.
Anônimo: O que há de mal nisso?
Eu: Não sei se seria bom pra mim.
Anônimo: Por quê?
Eu: Não sei do que sou capaz, é sério.
Anônimo: Tudo vai dar certo, pode ter certeza.
Eu: Tudo bem.

Sai.
Bom, agora eu era o dono da cidade.
O manda-chuva.
Não sabia direito o que isso significava, mas o sonho de ser alguém respeitável estava se realizando.

Fiquei nervoso. Não sabia mesmo o que fazer...
Entrei no chat.

Anônimo: Alguém quer tc?
Eu: Como assim?
Anônimo: Tc, quer?
Eu: Tc é minha.
Anônimo: Do que tu tá falando?
Eu: TC, você sabe. Três Coroas.
Anônimo: Cara, tu tá drogado. Vai embora.
Eu: Não estou! Como tu pode oferecer tc assim? Ainda mais ela sendo MINHA.
Anônimo: Creio que tu se confundiu. Tc em questão significa "teclar", "conversar".
Eu: Não acredito! Fui enganado!
Anônimo: hein?
Eu: Não sou mais o dono da cidade.

Sai.
Confesso, fiquei triste.
Tive tudo nas mãos, e na verdade não tinha nada.
Chorei.
Entrei num chat para aliviar...

Anônimo: Quer tc?
Eu: Quero.
Anônimo: Certo, você sabe como fazer?
Eu: Cara, estou triste e confuso, nada mais faz sentido, então por que não.
Anônimo: Feito então.
Eu: Hein?
Anônimo: Parabéns.
Eu: Como assim? Pára com isso.
Anônimo: Você agora é o dono da cidade.
Eu: Tá, ok.
Anônimo: Vai lá. Você manda em tudo agora.
Eu: Há-há. Não acredito.
Anônimo: Deixe de ser idiota!
Eu: Só estou sendo eu.
Anônimo: Viu, completo idiota! Quer saber? Não vai mais ser nada. Você vai ser sempre um nada, é isso!

Aí ele saiu.


E eu, continuo fazendo a mesma coisa todos os dias:
Sendo eu.

Papai Noel

*texto da coluna Misto Quente, do Jornal Mundo Novo (Três Coroas - RS)
pequena homenagem de natal.


Ô gordinho Noel.

Muita gente pega no pé dos gordinhos, implica, enche o saco, mas isso pode ter uma explicação.
Na minha teoria isso vêm da infância e tem relação com um velho personagem vermelho e barbudo, também gordinho:
O Papai Noel.
Talvez um dia essas crianças não se comportaram direito,
e ao chegar a noite tão esperada, foram esquecidas.
Ficaram tristes e prometeram não acreditar mais no ex-amigo fofinho.
Aí quando crescem, toda vez que olham para um gordinho na rua, no trabalho,
em qualquer lugar,
Seu inconsciente os remete ao Papai Noel, e aquela velha mágoa se sobrepõe ao sentimento de compaixão que todos deveriam ter e a implicância toma conta.
Talvez isso não seja porque realmente querem, mas acaba deixando os gordinhos frustrados.
E um conselho: nunca magoe um gordinho.


Será que o papei noel também sofreu preconceito por causa de sua barriga um pouco fora dos padrões?
E se o Papai Noel fosse magro como todos querem que todos sejam, ele seria tão legal?
A explicação para isso é simples: os gordinhos são os mais simpáticos.

E que cada um seja feliz com o peso que quiser ter.

Feliz Natal!

Sunday, February 10, 2008

Eu tenho um amigo...

Eu tenho um amigo que não tem amigos,
E que apesar de tudo, nunca se sentiu só.
Seus pais nunca se conheceram, nunca se amaram, muito menos tiveram um contato físico.
Mas nem por isso se sentiu sem carinho.
Tinha seus amigos sempre
Mesmo que eles não existissem, na verdade.
Esse meu amigo, não tinha conhecimento de onde veio, mas sabia por onde ia.
Ouvi dizer que seu pai prestava muita atenção no que os outros diziam, ainda mais se tratando de ministros dos transportes.
Estava um dia esperando no aeroporto o vôo que o levaria no horário certo a uma reunião de negócios,
E o vôo atrasou.
Ouviu na TV uma pessoa importante dizer sobre o atraso: "relaxe e goze".
O pai desse meu amigo relaxou, e gozou.
Bem ali no banco que estava sentado, esperando a notícia de que seria demitido.
Uma moça que também esperava um vôo e por algum motivo desconhecido, não usava calcinha, sentou-se no mesmo banco, após ele ter saído pra comprar pipoca.
E por um motivo ainda mais desconhecido, e digamos assim, impossível, um espermatozóide sobreviveu, subiu, entrou, subiu mais um pouco
E entrou em contato com seu óvulo.
Ela era virgem, e estranhou quando veio a notícia: "tu tá grávida."
Se apavorou, chorou, não entendeu.
De quem? Quando? Onde? Como? Foi bom?
E se conformou, afinal era cristã.
Seus pais não entenderam, não se conformaram e mandaram ela embora de casa.
Mas nem por isso ela desistiu da criança.
Ela protegeu-o e prometeu cuidar dele pra sempre,
Quando esse meu amigo nasceu, a mãe dele morreu, não resistiu.
E ele se criou sozinho, eu acho.
Ele nunca me contou muito bem sua história, por que na verdade a gente nunca conversou.
Na verdade mesmo, eu nem conheço ele.
Na verdade verdadeiramente verídica, ele nem é meu amigo.
Só contei essa história por que acho que
As pessoas deveriam prestar mais atenção no que dizem.
Pra sempre é muito tempo.

Thursday, January 31, 2008

O Alfaiate Cortez

-Não que eu não acredite nisso que tu diz...
-No que?
-Nisso, tu sabe.
-Deus?
-É. Isso.
-Mas porque?
-Não consigo imaginar alguém lá em cima, sentado numa cadeira julgando o certo e o errado e castigando as pessoas.
Esse tal de Deus é malvado.
-Que blasfêmia!
-Não se exalte! É só minha opinião.
-Mas como você pode viver sem acreditar no Senhor?
-Mas eu acredito em mim.
-Não é isso que estou falando...
-Ah, Senhor é Ele, o Cara lá de cima.
-Isso.
-Pois bem, sei lá. Até me ensinaram sobre Ele, e como me ensinaram, eu aceitei.
Mas com o tempo fui vendo o quanto Ele é rancoroso, e que se não é do jeito que quer, Deus pega e castiga. Tipo aqueles meninos mimados.
É pura birra.
-Eu não aceito isso! Cale essa boca!
-Mas porque tu se altera assim? Uma vez me ensinaram que devemos aceitar as opiniões dos outros.
-Mas não contra Deus!
-Viu, ele é muito mimadinho.
Se não tivessem te ensinado e te falado que ele existia, tu nem ia dar bola pro que eu to te falando.
-Hum, agora não sei.
-Viu! Então Ele não existiria pra ti.
-Aí minha vida seria bem pior!
-Mas ela já não é ruim o suficiente.
-Não! Se minha mulher morreu, meus filhos me deixaram sozinho, perdi todo meu dinheiro, morei na rua e agora estou me virando como alfaiate, é por que o Senhor quis assim.
-Não me mete nisso!
-Não tu, idiota, Deus.
-Ah. Hum, então Deus quis tudo isso pra ti?
-Bem, digamos que sim. Talvez ele quisesse me mandar uma mensagem, ou fez isso pra eu aprender mais sobre a vida. Tanto que agora me tornei alfaiate. Isso não é o máximo?
-Pode até ser...
-É sim!
-Mas tu não gostaria de ter essas coisas todas que tu tinha antes Dele aprontar uma contigo?
-Bom, as vezes tenho saudade da minha mulher e dos meus filhos. Mas um dia estaremos juntos novamente.
-Ah, claro. Entendo. Todos virarão pó e ficarão juntos pra sempre. Daria um belo curta.
-Acho que o senhor está sendo irônico.
-Deus?
-Não, tu, idiota.
-Ah... Não, capaz.