Thursday, August 28, 2008

Amor Quentinho

Padaria cheia,
O atendente se dirige a tal moça na fila:
-"Moça, pra você?"
-"Trezentos gramas de presunto magro, por favor."
-"Aqui, duzentas e setenta e cinco, tá bom?"
-"Não, quero trezentos."
-"Tá, aqui, trezentas e três. Pode ser?"
-"Olha moço..."
Aí o cara cortou um pedacinho da fatia,
Pronto.
-"Algo mais?"
-"Sim, duzentos e cinqüenta gramas de queijo."
-"Hã... Isso. Duzentas e quarenta e sete, tá bom?"
-"Não. E aliás, se diz duzentos, no masculino. Grama é de peso, o grama."
-"Aqui, duzentas e cinquenta de queijo, algo mais?"
-"Olha senhor..."
-"Algo mais?"
-"Cinco pães."
-"Os pão acabou."
-"Como assim acabou? Aqui é uma padaria! Trate de trazer mais pães."
-"Tudo bem, mas a senhora vai ter que aguardar."
Quinze minutos depois:
-"Feito, quatro pão pra senhora"
-"Eu pedi cinco."
-"Desculpe, estão aqui. Cinco pão."
-"Se diz pães! Tá no plural!"
-"Olha, a senhora quer mais alguma coisa?"
A moça que estava nervosa, parou por um minuto.
-"Moça, tem fila atrás da senhora, a senhora quer algo mais?"
Ela parou,
Pensou,
E por um minuto esqueceu-se de que estava numa padaria,
E que havia uma fila.
E não ouviu que estavam gritando várias coisas para ela.
-"Sim." Disse a moça.
-"Sim o quê?"
-"Sim, eu quero algo mais."
-"E o que a moça quer?"
De repente ela encheu o peito e disse:
-"Eu quero um amor. É eu quero um amor!
Quero um amor desses que vejo em filmes!
Quero um amor com nomes em árvores!
Onde tudo é perfeito!
Quero ser feliz com esse amor e ele me fará feliz.
É isso, eu quero um amor."
-"Acabou". Disse o padeiro.
-"Oi? Hein? Como assim?"
-"Acabou, a outra moça lá acabou de sair com o último amor que tinhamos."
-"E onde ela está?"
-"Ja deve estar lá fora".
A moça saiu correndo em direção a rua,
Esqueceu-se das coisas que havia comprado,
Apenas pensou em seu amor.
A moça que havia comprado o tal do amor, estava mesmo entrando no carro quando ouviu a voz:
-"Eu quero o amor!"
-"Ele é meu!" Respondeu.
-"Eu preciso! Por favor! Eu só quero um pouco desse amor.
Um pedaço.
Um sorriso.
-"Olha, eu comprei primeiro. Preciso colocar no bolo que estou fazendo."
-"Não você não pode, você tem que me dar o amor!"
-"Me deixe ir embora, solta minha perna!"
-"Por favor, só um pouco!
-"Se a senhora soltar meu corpo eu posso tentar lhe responder."
-"Ora, me desculpe. Diga, tu me darás o amor?"
-"Não. Adeus"
E acelerou o carro.

A moça ficou a beira da calçada chorando.
Talvez havia perdido a última esperança.
Mal sabia ela
Que lá dentro, na padaria
O padeiro preparava mais uma fornada de amor quentinho
Para os corações gelados.

2 comments:

Anonymous said...

que estranho ne? o Amor!

. said...

jurei que ia ser sazono tal amor
auiehaiuehiau