Monday, February 18, 2008

Canção Antiga

Lembrei de uma canção antiga
Que me fazia sonhar
Com aquela linda menina
Alegria de repente era minha vida
Todo estampado em meu rosto
Mundo bonito ficou
Pode ser que nem me lembre a letra
Se a melodia permanecer e eu
Esquecer do que dizia a canção
Que seja suave o assovio
É da brisa a lembrança de ser
Triste se eu quiser

O Dono da Cidade

Era madrugada, eu não tinha nada de útil pra fazer.
Resolvi entrar num desses chats. Só pra ver qual é que é a deles.

Logo, uma luz piscou:

Anônimo: Quer tc?

Bom, era uma pergunta um tanto quanto comovente, respondi meio confuso:

Eu: Como assim?
Anônimo: Você, quer tc?

E seguiu-se:

Eu: Minha cidade?
Anônimo: É.
Eu: Três Coroas!
Anônimo: Isso.
Eu: Tá, é sério?
Anônimo: O que?
Eu: Isso aí.
Anônimo: Não vejo motivos pelos quais não ser.
Eu: Bom, não sei se devo.
Anônimo: O que há de mal nisso?
Eu: Não sei se seria bom pra mim.
Anônimo: Por quê?
Eu: Não sei do que sou capaz, é sério.
Anônimo: Tudo vai dar certo, pode ter certeza.
Eu: Tudo bem.

Sai.
Bom, agora eu era o dono da cidade.
O manda-chuva.
Não sabia direito o que isso significava, mas o sonho de ser alguém respeitável estava se realizando.

Fiquei nervoso. Não sabia mesmo o que fazer...
Entrei no chat.

Anônimo: Alguém quer tc?
Eu: Como assim?
Anônimo: Tc, quer?
Eu: Tc é minha.
Anônimo: Do que tu tá falando?
Eu: TC, você sabe. Três Coroas.
Anônimo: Cara, tu tá drogado. Vai embora.
Eu: Não estou! Como tu pode oferecer tc assim? Ainda mais ela sendo MINHA.
Anônimo: Creio que tu se confundiu. Tc em questão significa "teclar", "conversar".
Eu: Não acredito! Fui enganado!
Anônimo: hein?
Eu: Não sou mais o dono da cidade.

Sai.
Confesso, fiquei triste.
Tive tudo nas mãos, e na verdade não tinha nada.
Chorei.
Entrei num chat para aliviar...

Anônimo: Quer tc?
Eu: Quero.
Anônimo: Certo, você sabe como fazer?
Eu: Cara, estou triste e confuso, nada mais faz sentido, então por que não.
Anônimo: Feito então.
Eu: Hein?
Anônimo: Parabéns.
Eu: Como assim? Pára com isso.
Anônimo: Você agora é o dono da cidade.
Eu: Tá, ok.
Anônimo: Vai lá. Você manda em tudo agora.
Eu: Há-há. Não acredito.
Anônimo: Deixe de ser idiota!
Eu: Só estou sendo eu.
Anônimo: Viu, completo idiota! Quer saber? Não vai mais ser nada. Você vai ser sempre um nada, é isso!

Aí ele saiu.


E eu, continuo fazendo a mesma coisa todos os dias:
Sendo eu.

Papai Noel

*texto da coluna Misto Quente, do Jornal Mundo Novo (Três Coroas - RS)
pequena homenagem de natal.


Ô gordinho Noel.

Muita gente pega no pé dos gordinhos, implica, enche o saco, mas isso pode ter uma explicação.
Na minha teoria isso vêm da infância e tem relação com um velho personagem vermelho e barbudo, também gordinho:
O Papai Noel.
Talvez um dia essas crianças não se comportaram direito,
e ao chegar a noite tão esperada, foram esquecidas.
Ficaram tristes e prometeram não acreditar mais no ex-amigo fofinho.
Aí quando crescem, toda vez que olham para um gordinho na rua, no trabalho,
em qualquer lugar,
Seu inconsciente os remete ao Papai Noel, e aquela velha mágoa se sobrepõe ao sentimento de compaixão que todos deveriam ter e a implicância toma conta.
Talvez isso não seja porque realmente querem, mas acaba deixando os gordinhos frustrados.
E um conselho: nunca magoe um gordinho.


Será que o papei noel também sofreu preconceito por causa de sua barriga um pouco fora dos padrões?
E se o Papai Noel fosse magro como todos querem que todos sejam, ele seria tão legal?
A explicação para isso é simples: os gordinhos são os mais simpáticos.

E que cada um seja feliz com o peso que quiser ter.

Feliz Natal!

Sunday, February 10, 2008

Eu tenho um amigo...

Eu tenho um amigo que não tem amigos,
E que apesar de tudo, nunca se sentiu só.
Seus pais nunca se conheceram, nunca se amaram, muito menos tiveram um contato físico.
Mas nem por isso se sentiu sem carinho.
Tinha seus amigos sempre
Mesmo que eles não existissem, na verdade.
Esse meu amigo, não tinha conhecimento de onde veio, mas sabia por onde ia.
Ouvi dizer que seu pai prestava muita atenção no que os outros diziam, ainda mais se tratando de ministros dos transportes.
Estava um dia esperando no aeroporto o vôo que o levaria no horário certo a uma reunião de negócios,
E o vôo atrasou.
Ouviu na TV uma pessoa importante dizer sobre o atraso: "relaxe e goze".
O pai desse meu amigo relaxou, e gozou.
Bem ali no banco que estava sentado, esperando a notícia de que seria demitido.
Uma moça que também esperava um vôo e por algum motivo desconhecido, não usava calcinha, sentou-se no mesmo banco, após ele ter saído pra comprar pipoca.
E por um motivo ainda mais desconhecido, e digamos assim, impossível, um espermatozóide sobreviveu, subiu, entrou, subiu mais um pouco
E entrou em contato com seu óvulo.
Ela era virgem, e estranhou quando veio a notícia: "tu tá grávida."
Se apavorou, chorou, não entendeu.
De quem? Quando? Onde? Como? Foi bom?
E se conformou, afinal era cristã.
Seus pais não entenderam, não se conformaram e mandaram ela embora de casa.
Mas nem por isso ela desistiu da criança.
Ela protegeu-o e prometeu cuidar dele pra sempre,
Quando esse meu amigo nasceu, a mãe dele morreu, não resistiu.
E ele se criou sozinho, eu acho.
Ele nunca me contou muito bem sua história, por que na verdade a gente nunca conversou.
Na verdade mesmo, eu nem conheço ele.
Na verdade verdadeiramente verídica, ele nem é meu amigo.
Só contei essa história por que acho que
As pessoas deveriam prestar mais atenção no que dizem.
Pra sempre é muito tempo.