Saturday, November 24, 2007

Amor de Frango & Osso

Te amo como uma esposa dedicada
Que todo dia desfia o frango e tira o osso
Galinhada ou frangueada?
Te amo como um amor real
Feito de pele e sal
Frito, na sopa, num dia de Sol.
Te amo como a mãe dos teus filhos
Que todo dia prepara o café sem reclamar
Que está disposta a te ouvir roncar
Enquanto sonhas na noite secreta
Vira de um lado pro outro
Pesadelos quase reais te assustam
E tu gritas: e eu fico ali pra te acalmar
E os Beatles cantam: “Its real love”.
Domingo de manhã é uma parada!
Sobe na mesa e grita gol
Perde o rebolado
Passa na minha frente
Que eu posso te ver
Bem perto
Cola teu nariz no meu
E encosta no meu peito

Revolução no Formigueiro

Um dia uma formiga estava dando sua caminhada de rotina, como todas as outras formigas,
Mas por um deslize quase que sem querer, acabou pegando um outro caminho.
Estava andando bem triste quando ouviu um disco dos Mutantes de um lugar qualquer, de um quarto qualquer, de um mundo qualquer.
Na hora não entendeu, mas logo sentiu o que aquilo significaria.
Nada mais seria como antes.
Nenhum torrão de açúcar jamais seria como antes.
Foi então que suas perninhas tremeram e ela teve como sabia decisão:

Hoje não voltarei ao formigueiro.












Logo em seguida, o cara que estava escutando o disco saiu para ir a uma festa funk, o disco que estava tocando estava sendo copiado para um camarada, por alguns 5 pilas.
Ao sair do quarto passou por chocolates espalhados no quarto e doces de variadas formas.
Ao sair do quarto, não sentiu que havia pisado em algo.
E no triste murmúrio do quarto solitário
Um cadáver ali ficou estendido, sem que ninguém sentisse sua falta.

















Ele pisou numa barata.

Thursday, November 15, 2007

Espirro

Só se conhece uma pessoa quando ela te pede o celular emprestado
Pra fazer uma ligaçãozinha rapidinha e demora 45 minutos pra te devolver.
Só se conhece uma pessoa quando ela te devolve o CD que tu gosta muito e não lembrava que tava com ela, e nota o cuidado ou o descuidado que ela teve
com um pequeno pedaço do teu coração.
Na maioria das vezes só se conhece uma pessoa quando ela volta, e traz algo novo.
Ou não muda.

Só se conhece uma pessoa quando ela espirra,
Se cuidar pra não fazer barulho
E se cuida pra ser discreta.
Ou faz um barulho alto, pra chamar a atenção pra si
Pra jogar bastante micróbio no ar
Pra passar a gripe pra quem esta na sala de estar

Só se conhece aquela pessoa no momento em que alguém diz “saúde”
E cabe a ela escolher quem quer demonstrar ser com sua resposta.

Espirros da vida, me mostrem a cada dia rostos mais engraçados!

Lar-doce-lar

Há muito tempo que ando nas ruas de uma Três Coroas não muito alegre
E que no entanto me traz um saudosismo desgraçado!
A velha rua por onde caminhava com minha mãe até minha casa,
É a rua que eu caminho hoje, sozinho, pra minha casa novamente.
Por mais que o mundo de voltas e voltas,
Por mais que nossa vida mude por completa,
Tirando tua casa,
Levando teus pais,
Casando tua irmã,
Trazendo de volta teu pai,
No final das contas,
A gente sempre volta pro mesmo lugar.
A casa que eu morei quando nasci,
Não foi a casa que me criei,
Mas é a casa pra onde eu voltei,
Quando não tinha mais pra onde ir.
Nosso lar sempre volta a nos abrigar.
Por mais que a gente ande e ande,
Sempre,
Lá no fundo,
A gente quer mesmo é voltar pra nossa velha cama e dar uma bela e boa sesteada.

Thursday, May 31, 2007

Yo Tengo , pero no mucho.

Se eu tivesse Sete Anos hoje, teria uma amigo imaginário.
O nome dele seria Wanderlei.
Ele teria 10 anos, ex-morador de uma favela, e aos 6 já fumava maconha.
Wanderlei iria aparecer de 15 em 15 dias, apenas para pedir dinheiro pra comprar uns cigarros.
Um cachaça, talvez.
Isso no semáforo, é claro.
Fazendo malabarismo.
Wanderlei teria uma mãe que era mulher da vida.
Seu pai, morto em um assalto a mão armada por um segurança despreparado e desequilibrado emocionalmente.
Na verdade, ele nem ao menos era pra ter nascido.
Com 10 anos, ele já teria um bigode.
E roubava carros.
Costumava me chamar de viadinho, pero no mucho.
Wanderlei seria um amigo daqueles que quando a gente precisa, ele aparece.
Sempre.
Pra intimar quem me encomodasse: "Pô mano, não mexe com ele senão chamo meus brow e ai tu pá."
Claro, ninguém poderia ver o Wanderlei além de mim, e isso quase nunca funcionava.
E era esse o principal motivo de Wanderlei falar coisas assim.
Ele meteria medo nos outros pois sabia que ninguém poderia vê-lo.
E isso faria com que ele se sentisse o máximo!
Sempre carregava sua arma na cintura, e toda hora ficava mostrando.
E eu falaria: "Cara, guarda isso"
E ele: "Pô mano, fica frio, tá tudo na paz."
Claro que não, a qualquer hora ele puxava o gatilho e estourava os miolos de quem o incomodasse.
Ou que atravessasse seu caminho.
Ou por cima dele, o que era mais fácil.
Juntava a pistola e se atirava pro lado em direção ao chão dando 5 tiros. tipo cena de filme.
Isso me assustava frequentemente, já que a cada 5 minutos a cena se repetia.
Wanderlei, no fundo, seria um menino bom.
Gostaria de doces, apesar de nunca conseguir comer.
Na verdade, ele não saberia que eu saberia que ele não podia comer.
Ele sempre se esconderia e iria pra um canto.
Tocava fora e dizia "Estava ducara***".
Coitado.
Eu sabia de tudo.
Na verdade, eu sempre sabia que Wanderlei era fruto da minha imaginação, levemente influenciada pela realidade brasileira.
Pela TV que hoje em dia passa menos coisas bonitas e alegres tipo Teletubies.(sarcasmo)
Na verdade, quando eu era mais novo tinha a TV Colosso, e isso sim era algo que me animava.
Tudo era tão diferente, e agora...
E olha que isso faz 11 anos.
Tudo muda em menos tempo.
A realidade as vezes é sempre outra.
Quando eu tinha sete anos, se teria tido amigo imaginário, ele seria muito mais fofinho, só que com uma arma muito mais poderosa.
Tipo power ranger. Não, eles eram muito chatinhos.
Legal mesmo era Jiraya. Jaspion. ChangeMan. Winspector. Kamen Rider.
E até a Patrine era mais macho que muitos heróis de hoje em dia.
Na verdade, minha imaginação se expandiu graças a essas coisas...
Aos desenhos, Corrida Maluca, Space Ghost, Capitão Planeta.
E hoje em dia, as crianças já tem pouca imaginação.
Poucos preservam isso.
Claro, não deve ser generalizado.
Queria que as crianças voltassem a ser mais imaginativas.
Mais criativas.
E não que optassem por coisas prontas, e brinquedos super modernos.
Apesar de no mucho. Yo tengo.

Thursday, May 24, 2007

Timeteu

Pode parecer babaquice a primeira vista, olhando de um ponto pseudo-intelectual, torcer por um time de futebol.
Isso de dizer que não gosta de futebol é coisa de bundão.
Quem não tem um time do coração deve ser uma pessoa amargurada, infeliz ou simplesmente má.
Pode ser babaquice torcer por um time que não paga teu salário, que não vai influenciar em nada na tua vida,
mas ninguém pode nos tirar o direito de sermos babacas!
Vai de cada um esse amor que temos por coisas que não mudam nada na nossa vida.
Cada um sabe do que gosta, e do amor que dá pra cada coisinha tosca que completa sua vida.
Pessoa que não gosta de futebol nunca vai poder chegar ao trabalho e tirar sarro daquele colega ao lado que torce pro time rival.
Nunca.
Nem ao menos vai poder aturar aquele mesmo colega quando o time dele está bem.
Ser mais chato que o cara mais chato, que torce pro outro time e todo dia te enche o saco.
Nunca vai usar a criatividade pra tentar falar mal daquele time, mesmo quando ele está bem.
Além disso, vai ficar de fora daqueles e-mails legais que as pessoas mandam umas pras outras.
Ou seja, acaba se tornando uma pessoa má, obstinada a passar o resto da vida enviando "correntes" (aqueles e-mails chatos, que se tu não manda alguém morre.)
para os outros e esperando resposta.
Quem não gosta de futebol, não vive a vida por completa.
Não pode encher o saco do vizinho, nem sair por aí gritando.
Não faz amigos pelo simples fato de fazer um comentário idiota durante um jogo.
Não pode achar o Galvão Bueno um pé no saco e os comentaristas da Globo mais perdidos que fio dental em bunda de gorda.
Não tem aquele sentimento de satisfação ao chamar o juiz de qualquer coisa que possa fazer as pessoas dar risada.
Simplesmente se remetem a assuntos chatos, do cotidiano ou da sua inteligência malevolosicamente banal
a tal ponto de ninguém entender do que tão falando e virar pro lado e perguntar: "quem tá ganhando?"
Pessoas que não gostam de futebol não tem do que falar com pessoas que gostam de futebol.
Só tem a novela pra tentar se enturmar.
Estão por fora de tudo e simplesmente não dão valor pra vida.
Pode parecer tosco "homens correndo atrás de uma bola", como eu acho tosca a novela que eles tanto olham.
Ou como acho tosco algumas músicas que eles escutam.
Mas vai de cada analisar o que é tosco pra si e deixar cada um ser babaca do jeito que bem entender.
Então o Brasil, que é pra ser o país do futebol, é tosco também?
Todas as pessoas do Brasil são toscas por gostarem de futebol??
Ou a pessoa que diz isso só é amargurada e tem dificuldade de se relacionar???
Ou é por que a pessoa é simplesmente má, tem ódio em seu coração, é triste, feia, mesquinha, tem pedra na vesícula e boba????
Não dá pra entender.
Futebol é uma coisa singular...
Nem sei mais o que escrever.
Aliás, quetimeéteu?

Tuesday, May 15, 2007

Fura-bolo

O fura-bolo mostra sua extensão diante da minha via respiratória
( meio trancada, fazendo as pronuncias sairem ridiculamente engraçadas, devido a mucose criada lá dentro por intermédio de chuva & frio conquistadas a partir de uma longa jornada de volta para o lardocelar, após um cachorro quente na namorada)
-Quem tu pensa que é?
Eu não penso que sou, nem penso no que sou. Muito menos quem sou. Nem penso em quem não sou ou no que eu queria ser se não estivesse passando horas diárias me esforçando drasticamente -mas sem sucesso- para tentar, lá no fundo que seja, ser eu.
Não penso no que fui, nem ao menos quem vou ser.
Daqui a uma hora talvez, eu tenha fome.
-Por que tu faz essas coisas?
Eu faço essas coisas pela simples e complexa sensibilidade do instinto: sei lá!Talvez eu seja realmente a pior pessoa do mundo,
quando estou só posso ser capaz de me superar.
Talvez cause mais problemas do que eu tente causar,
mas nem sempre sou o sempre-sem-querer.
As vezes desculpa é só o que me resta.
Ou pelo simples fato da preguiça que me rege não deixar eu tentar explicar e explicar.
Quem entende um olhar?
Quem consegue passar a vida sem descarregar o minguinho gelado no buraquinho entupido do nariz e ver a singeleza de um tatu escorregando pelo abismo?
Só pelo prazer de vê-lo ali...
Ou quem nunca quis usar o pai-de-todos ao menos uma vez, para assim poupar não-sei-quantos músculos da face do rosto?
E o seu-vizinho é o mais inútil da história.

Quem tem o poder de me estender o fura-bolo na cara e dizer que sou um merda?Ou ao menos contar uma novidade?

Tuesday, April 24, 2007

Queria que meu vô nunca morresse

Sinto saudade das tuas torradas,
De quando sentava no teu colo e ouvia histórias
Do jeito que a gente brincava.
Sinto falta de correr no teu campo
Juntar garrafas na arquibancada e ganhar um cruzeiro
Sinto saudade da vida nos teus olhos
Do respeito que tu empunhavas
Do churrasco com a família no domingo.
No meu lugar perto do teu.
Hoje teu riso é mais guri
Tua alegria é mais espontânea
Tens mais vida que eu
Não só por idade, mas por disposição
Queria que tu entendesses tudo que eu digo.
Queria que tu fosses um avô diferente, certas vezes.
Queria tua juventude.
Ser valente como tu és.
Não sei como será a vida sem ti.
Tenho medo da vida sem ti.
Nossas brigas sem sentido,
Nunca levaram a nada, e tu esquecia no outro dia.
Teu amor pelo Inter,
O boné surrado,
A camiseta por cima do ombro
A correntinha.
A cervejinha.
Tuas caminhadas.
Contigo aprendi a caminhar
Devagar e sempre
Devagar e sempre.
Queria que tu vivesse pra sempre.

Friday, April 13, 2007

Caso

Urouse me ligou por volta das dez:
-"Ei, tá em casa?"
-"Bom, tu tá ligando pro meu número de casa."
-"Sim, eu sei, mas tu tá?"
-"Não, não estou."
-"E que horas tu chega?"
-"Ainda não sei..."
-"Ah. Eu queria passar aí."
-"Urouse, eu tô em casa, tu tá ligando pra minha casa e se eu atendi é por que estou em casa"
-"Não vejo relação nisso, e não tem porque tu se alterar assim..."
-"Tá, ok. Que horas tu vem?"
-"Vou sair agora. Tchau"

Uma da manhã Urouse chegou na minha casa.
Poderia ser tarde, ela podia ter se atrasado, sendo que ela saiu as dez.
Mas considerando o fato dela morar do outro lado da rua, isso era algo realmente impressionante.
O que não quer dizer, na verdade, nada.

-"Caramba, que chero ruim aqui... Parece que tem... Ei, o que é isso?!?!?!"
-"Sim, fede."
-"Mas... Mas o que é isso?!?! Isso é uma mão?"
-"Sim, considerando o fato de ter dedos e unhas, é uma mão sim."
-"Como?!?! O que uma mão faz aqui?!?! E... O quê?!?! São pessoas mortas ali?!?!?!"
-"Sim, são pessoas mortas."
-"Mas, voc...você que matou?? O que elas fazem aqui??
"-"Sim, eu matei todas elas. Ora, estão aqui."
-"E por que matou?"
-"Bem... Eu não gostava delas..."
-"..."
-"..."
-"Tá, e porque matou?!?!?! Tem uma porção de gente que eu não gosto mas não saio por aí matando!!!"
-"Elas me magoaram. E você sabe como eu fico quando magoado."
-"..."
-"..."
-"É, sei sim. Mas tu não pode guardar essas pessoas aqui! Vou chamar a polícia."
-"Ei, calma urouse, tá tudo bem, eu continuo sendo aquele teu Diéqui. Uma morte...
-...14, na verdade.
-... tá isso, tanto faz. Isso não muda quem eu sou, nem meu amor por ti."
-"Mas diéqui, você virou um assassino, como posso conviver com alguém assim, deitar do teu lado e essas coisas?!?!"
-"Urouse, você mora do outro lado da rua. E além disso, você é minha prima. E é gorda. E nós não somos namorados."
-"Ah, é verdade."
-"Então está tudo bem?"
-"Não, não está nada bem! Vou ligar pra polícia."
-"Não, você não pode!"
-"Claro que posso."
-"Não, não pode. Eu não tenho telefone aqui em casa."
-"Tá, mas como... Hum..."
-"Você ainda tem sorvete de creme na sua casa?
"-"Não."
-"Então agora você me magoou."

Fim do papel higiênico.

Thursday, March 29, 2007

Estátua

Se um dia eu for uma estátua, quero mais é que as pombas caguem em mim.
Quero mais é ser um depósito de fezes.
Quero que a gurizada rabisque seus nomes pelo meu corpo.
E que os casaizinhos namorem perto de mim.
Que tirem fotos fazendo poses engraçadas comigo.
Quero mais é que se dane o Laçador.
Quero que se dane o Cristo Redentor.
Toda essa gente que teve que morrer pra conseguir uma estátua em seu lugar.
(Tá, o Crixto morreu até. Mas o Laçador é só imaginação)
Toda vez que morre um imbecil nasce uma estátua.
E as estátuas são seres marotos.
Passam o dia só a observar.
Ficam pescando coisas no ar, devem achar mais engraçada a vida, o universo e tudo mais.
As estátuas são marotas porque elas sabem de tudo que se passa ao redor,mas ficam na delas, não divulgam nada, não são sensacionalistas e nem ao menos falam nada a respeito.
Essa é a parte mais irritante da coisa.
Elas não falam.
Mas estão bem vestidas, bem inspiradas.
Marotas.
Espero nunca ter moral pra ser imbecil o suficiente pra quando eu morrer fazerem uma estátua de mim.
Espero que nunca preservem minha imagem num pedaço de um material.
Rugas congeladas no tempo!
Minha gordura pra sempre estampada em algum lugar comercial do centro de uma cidade.
Um ponto turístico, e olha quem está lá!
Sempre bisbilhotando pra ver quem chega e quem vai.
Será que um dia alguém saberá quem tu realmente foi?
Que tua imbecilidade te fez estátua?
Só me resta aguardar.

Mas se um dia fizerem uma estátua de mim, espero estar com o dedo médio erguido para uma direção boa.
Ou para o céu.

Friday, March 02, 2007

O careca das Jaquetas Reversíveis Tevah

Sempre que eu vejo o careca das jaquetas reversíveis Tevah, eu fico pensativo:
E se nós fossemos como um jaqueta reversível Tevah?
E se nosso interior pudesse ser colocado pro lado de fora naturalmente
Sem precisar de coragem pra soltar
Ou coragem pra segurar o que se sente
Meu amor, minha epiderme
Minha tristeza, meu joelho
Uma alegria na barriga
Seria engraçado tocar teu coração
E o careca das jaquetas reversíveis Tevah me vestindo, me usando
Em qualquer lugar bonito, com aquele sorriso maroto no rosto
Seria jóia
Seria supimpa
Se ele tivesse uma lombriga
E o lado de fora fica pra dentro
Até desbotar e a gente troca
Ou no inverno,
ter outra jaqueta reversível Tevah, sendo a mesma.
Ser toda semana um, sendo o outro.
Até desbotar e a gente perde a graça
Assim como toda roupa um dia desbota
Todo livro da escola é riscado
Toda crocância um dia fica molenga
Tudo um dia perde a graça
Mas falando sério,
Como é que seria?
Se a gente não precisasse (ou não pudesse)
Guardar o que a gente sente?

Wednesday, February 21, 2007

Eu queria ser uma árvore

Estou um tanto quanto cansado do convívio social
Aturar pessoas, algumas pessoas. A maioria, pra ser mais exato.
A cada dia que passa cresce minha vontade de ser uma árvore
Ou alguma coisa tão insignificante quanto eu,
Pra poder cantarolar baixinho,
Sem entonações
Qualquer melodia significativa
Com um pouquinho de amargura
Sem que alguém se importe
Sem que alguém queira saber o porquê
Estou um tanto quanto cansado de explicações
Queria me privar um pouco disso
Queria me privar um pouco do sensacionalismo que as pessoas fazem
Queria me privar um pouco de tanta coisa
Por que não fazer, da merda que eu estou, adubo?

Friday, February 16, 2007

O Caso do Sanduíche

A estória é a seguinte:
Era 6:45 da manhã. Um cidadão comum estava indo para o trabalho. Em uma mão, uma sacolinha plástica, contendo um pote plástico (embora a sacolinha e o pote fossem do mesmo material ambos eram diferentes).
Na outra mão, uma térmica contendo café que sua mulher preparou um pouco mais cedo.
No caminho pro trabalho, vinha uma viatura policial, que subitamente parou, ao lado do senhor cidadão.
- Mãos na cabeça! o brigadiano gritou e o cidadão assim o fez.
- O que tu tem aí?
- Nada não seu brigadiano. To indo trabalhá.
- Como nada? O que é isso na tua mão?!
- Calma senhor...
- Calma o caramba! Quem tu pensa que é?! interrompeu o brigadiano
- Me desculpa, eu tenho...
- Que desculpa o quê, me dá isso daqui...
Nisso o outro brigadiano desceu do carro.
- Dá uma averiguada nisso aqui.
E atirou a sacolinha ao outro brigadiano, ele pegou, deu uma olhada dentro, abriu o pote e constatou:
- Tem um sanduíche aqui, cara.
- Muito bem, e o que tem dentro? indagou o outro.
- Hum, tem uma fatia de apresuntado e uma de queijo, acho que é margarina.
- Ah, bom. Escuta aqui cidadão, então quer dizer que tu gosta de margarina?
- Olha; respondeu meio trêmulo o cidadão, mas com um toque de incerteza. -eu prefiro maionese, hellmans, mas como foi minha esposa que fez ela colocou margarina, por que ela prefere. Respondeu o cidadão.
Nisso o brigadiano já estava comendo o sanduíche.
- Ah, sabe que eu também prefiro maionese, mas até que tá bom isso daqui. Falou com a boca cheia.
E o outro continuou:
- E nessa outra mão aí?
- Ah, café; Minha mulher fez.
- Café... E tem leite?
- Não não, só café. Tô com as tripa meio renga, não posso tomar leite.
- Ah, muito bom.
- Traz aí. Resmungou engasgado o brigadiano.
Abriu, serviu-se e falou
.- Até que tá bom isso daqui.
Serviram-se.

- Então tá cidadão, pode ir pro seu trabalho, cê tá liberado.

Mas claro, antes dessa declaração houve um pouco de violência, mas eu quis poupá-los de tais fatos.
Mordidas, sangue e pequenas - mas não profundas - lesões.
No sanduíche, é claro.
O cidadão apanhou um pouco também, acompanhado de mordidas, sangue e pequenas - mas não profundas - lesões.


Moral da estória:
Como a gente pode se sentir protegidos, assegurados, sentir que podemos deixar nossos filhos sairem por aí, deixar a casa e ir pro trabalho, ou simplesmente, tomar um razoável café da manhã, sendo que as pessoas que deveriam nos dar proteção, andam de barriga vazia?

Eu achei

Eu achei
As coisas que eu escondi bem e não lembrava onde estavam
Eu achei
Que tu tava contente e fui embora
Eu pensei
Que talvez tu ficaria

Como a gente se fode por criar expectativas...
Como eu me estrepei
To ralado
Enzebrado
Tô fudido

Me caiu os butiá dos bolso.